segunda-feira, 28 de março de 2016

Azul Sem Azul


Não cantei o lirismo dos poetas de ontem
Porque me faltaram coisas bonitas aos meus olhos
Não me faltou o sentimento mas era outra a moldura
Ruas sujas e ruas mais sujas ainda foram o que tive
E um vagabundo fumando seus cigarros baratos
Esperando que os dias retrocedessem uma vez só
O poço não mais existe nem a morte ainda veio
Mas por que viria se a vida fez o mesmo papel?
É engano o coração bater e o pulmão respirar
Há tantos mortos que não o sabem por aí...
Os violinos não tocam no outono nem harpas
Não há janelas que eu possa olhar mais
Há sol? Sim mais ele apenas representa o calor
E lá embaixo os que olham para o alto ainda dormem...
Minhas mãos não possuem calos e são rudes
Que importam mais ou menos cores nesta aquarela?
Grito todos os dias sem nunca ser ouvido...
Tento repetir as canções do rádio que não sei a letra...
E vou adivinhando as cartas que o destino não postou
O tarot errou e acabou errando muito feio
Nunca seremos felizes nem contentes nem mais nada
As fogueiras todas se apagaram com apenas um sopro
E as cinzas se espalharam com as de um morto pelo mar
Não há mais nada o que fazer senão a espera
São gotas que caem de uma torneira mal fechada
Que só serve para nos atrapalhar um velho sono...
Não quero mais me levantar cambaleando pela noite
Nem fazer círculos em volta do meu velho quarto
Tudo muda e tudo permanece da mesma forma...

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Alguns Poemetos Sem Nome N° 261

Perdi o sono. Perdi a briga Comigo mesmo. Um soco no espelho. Um soco na cara. Meus sonhos fugiram? ...........................................